Mercado de seguros se protege da crise

Imagine duas pessoas que estão prestes a sair de casa para trabalhar no Centro de Fortaleza num dia de sol. Uma olha para o céu e diz que não vai chover, mas a outra leva consigo um guarda-chuva só por precaução. Quando se fala em mercado de seguros, as coisas funcionam mais ou menos assim. As contratações dos serviços oferecidos pelas empresas do setor podem ser vistas tanto como algo desnecessário como uma forma de gerenciar riscos.
Mas nos últimos anos, os olhares que os consumidores vêm lançando sobre esse mercado são muito mais positivos do que negativos. Os seguros são enxergados não mais como gasto em vão de dinheiro, mas como um importante investimento. Prova disso é que, mesmo com a retração econômica no Brasil, o setor continua crescendo. Anualmente, em média, movimenta R$ 240 bilhões, respondendo por 6,2% do Produto Interno Bruto (PIB) e gera 151 mil empregos.

De janeiro a agosto deste ano, o setor avançou 4,8%, segundo a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg). Desconsiderando o Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT) e planos de acumulação ( período em que o cliente usa parte da renda para fazer contribuições periódicas ao plano que contratou), o número sobe para 6,5%.
O presidente da CNseg, Marcio Coriolano, explica que, até o fim deste ano, a demanda por alguns subsetores de seguros voltará a crescer no País. “O seguro rural avança a uma taxa de 14,6%. Outros segmentos também revelam um amadurecimento da sociedade, como o seguro garantia, seja para crédito ou em casos de judicialização”, observa.
O impacto das vendas, em razão do aumento da confiança do consumidor, sentido pelas montadoras de automóveis influenciou o mercado seguros. “Há outros fatores que contribuem para a recuperação do seguro de automóveis neste semestre, como o saque das contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), além da queda substancial da inflação”, considera.
O Ceará não fica atrás e acompanha a tendência nacional. O Estado apresentou crescimento de 9,6% de janeiro a agosto de 2017, em relação a igual período do ano passado. Atingiu R$ 1,24 bilhão em 2016, contra R$ 1,36 bilhão. Isso sem considerar DPVAT e planos de acumulação. “Contabilizando seguros patrimoniais e de automóveis, houve crescimento em quase todos os ramos no Ceará, melhor até que o registrado no mercado brasileiro”, afirma Coriolano.
Mercado automotivo
Com foco no mercado automotivo (55% da carteira no Brasil), a Allianz Seguros segue o ritmo de aumento de receitas no Ceará, faturando de R$ 47,8 milhões de janeiro a junho de 2017, quando o segmento representou 64% do total. O número é 49% maior que o observado em igual período de 2016.
“O setor tem um potencial de mercado a ser explorado e pode continuar evoluindo. A indústria tem apostado na inovação, trazendo agilidade ao canal de vendas, que é o corretor de seguros, e proporcionando um atendimento ainda mais eficiente aos segurados”, considera Eduardo Grillo, diretor executivo Comercial e Marketing Managment da Allianz Seguros.
O mercado de seguros é resistente à crise, afirma José Henrique Pimentel, diretor regional Norte e Nordeste da SulAmérica. “Apesar do cenário desafiador, a SulAmérica apresentou resultados e prosseguiu crescendo. A receita operacional líquida da companhia do primeiro semestre de 2017 chegou a R$ 8,6 bilhões, montante 7,6% superior a igual período de 2016”, aponta.
O executivo explica que não existe muita diferenciação entre a forma de trabalhar no Brasil com o que é vendido no exterior.
“Temos nossas particularidades, é claro. Quando falamos em tecnologia utilizada para atendimento ao cliente ou ao corretor, que não devemos nada em relação ao mercado internacional”, diz.
NÚMEROS
1,36
bilhão de reais foi quanto o setor movimentou no Ceará neste ano, até agosto
212
porcento foi a alta do segmento habitacional no Estado, de janeiro a agosto